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Parto natural é um direito, não uma imposição

Já vou começar a postagem afirmando que compreendo perfeitamente que o parto normal ou natural é a melhor opção para a mulher e para o bebê, estou ciente que a recuperação é mais rápida, e que muitas cesarianas são realizadas desnecessariamente. Não pretendo chover no molhado, mas gostaria de palpitar sobre o outro lado da questão, a ansiedade e angústia que muitas mulheres são submetidas por causa da pressão por um parto normal, de preferência, sem anestésicos. É justamente aqui que começo a ficar cabreira, como mulher e como mãe, já que não entendo nada da parte médica. Por incrível que pareça, toda grávida será bombardeada por um volume absurdo de informações contraditórias. Já fiquei grávida três vezes, e não teve uma em que eu não encontrasse algum conhecido que me descrevesse uma história dramática na qual a mãe e o filho morressem no final. Nos últimos anos, temos que acrescentar ao rosário de conselhos e tragédias, os olhares reprovadores de quem não conseguiu ter um filho de parto normal. Lembro de um trabalho científico que afirmava que os nascidos através do parto cesariana tornavam-se indolentes enquanto os nascidos através do parto normal eram ativos e empreendedores (???). A mensagem é que você é uma mãe fracassada se teve um filho através do parto cesariana, ou se teve um filho de parto normal, mas pediu uma peridural, é uma fraca. O bacana é ter o filho dentro de uma banheira, sem "drogas" ou qualquer tipo de ajuda. Respeito muito quem faz isso, uma grande amiga teve os seus filhos assim e a considero uma pessoa corajosa e forte. Mas isso não significa que eu seja uma incompetente molóide por ter feito cesarianas. Não tenho culpa se tenho um quadro de pré-eclâmpsia, como muitas outras mulheres tem complicações que as impedem de ter filhos com parto normal. Toda mulher deve ter direito ao parto natural, mas também deve ter o direito de escolher tomar anestesia sem se sentir pressionada ou angustiada por isso. Tenho a impressão que o sistema sempre se apropria das reivindicações de forma distorcida, como o alojamento conjunto que virou uma excelente desculpa para não se contratar mais enfermeiras para o berçário. Impor o parto sem anestésicos ou qualquer outro apoio, me parece uma boa alternativa para diminuir os custos. Ouvi uma história de que na rede pública dos municípios pobres, a anestesia no parto normal não é uma opção. Um enfermeiro disse a seguinte frase: "se elas já tem um filho atrás do outro sentindo dor, imagine se tomarem anestesia!" Ou seja, nada mais machista voltar ao pecado original no qual as "Evas" estão condenadas a parir com dor!

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