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Depende do que vem depois...


Não é muito fácil manter a racionalidade diante das cenas da polícia batendo em professor por duas razões: sou professora, filha de professora e minha mãe também apanhou da polícia no Rio de Janeiro, na década de 80. A foto que está bombando na blogosfera mostra um sujeito (que todos pensavam ser um professor), carregando uma policial ferida durante o protesto de professores em São Paulo. Mais tarde, foi divulgado que o sujeito é um policial à paisana, infiltrado no protesto. Bom, sabe aquela história, depende do que vem depois? Diante de um fato novo, o fazendeiro filosoficamente dizia: pode ser bom, pode ser ruim, depende do que vem depois. Pois é, ela se aplica muito bem ao caso. Diante das fotos que mostravam um professor (aparentemente) carregando um policial ferido, todos se comoveram e apontaram a imagem como uma expressão da falta de bom senso de todo o confronto. Pode ser bom, pode ser ruim. Depende do que vem depois. A Polícia Militar de São Paulo para provar que professor é tudo raça e nenhum deles é bonzinho, lança um comunicado afirmando que o dito cujo era um policial à paisana. Pode ser bom? Depende do que vem depois. Perplexos, os blogueiros não entendem como um policial pode ter barba e concluem que ele é um infiltrado P2, como nos áureos tempos da ditadura. Pode ser bom? Depende do que vem depois. A polícia tenta explicar e se enrola mais ainda, afirmando que o sujeito é marido de uma professora e estava no evento para apoiar o protesto. Pode ser bom? Pode. Serra deve perder a eleição!

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Parto natural é um direito, não uma imposição

Já vou começar a postagem afirmando que compreendo perfeitamente que o parto normal ou natural é a melhor opção para a mulher e para o bebê, estou ciente que a recuperação é mais rápida, e que muitas cesarianas são realizadas desnecessariamente. Não pretendo chover no molhado, mas gostaria de palpitar sobre o outro lado da questão, a ansiedade e angústia que muitas mulheres são submetidas por causa da pressão por um parto normal, de preferência, sem anestésicos. É justamente aqui que começo a ficar cabreira, como mulher e como mãe, já que não entendo nada da parte médica. Por incrível que pareça, toda grávida será bombardeada por um volume absurdo de informações contraditórias. Já fiquei grávida três vezes, e não teve uma em que eu não encontrasse algum conhecido que me descrevesse uma história dramática na qual a mãe e o filho morressem no final. Nos últimos anos, temos que acrescentar ao rosário de conselhos e tragédias, os olhares reprovadores de quem não conseguiu ter um filho de parto normal. Lembro de um trabalho científico que afirmava que os nascidos através do parto cesariana tornavam-se indolentes enquanto os nascidos através do parto normal eram ativos e empreendedores (???). A mensagem é que você é uma mãe fracassada se teve um filho através do parto cesariana, ou se teve um filho de parto normal, mas pediu uma peridural, é uma fraca. O bacana é ter o filho dentro de uma banheira, sem "drogas" ou qualquer tipo de ajuda. Respeito muito quem faz isso, uma grande amiga teve os seus filhos assim e a considero uma pessoa corajosa e forte. Mas isso não significa que eu seja uma incompetente molóide por ter feito cesarianas. Não tenho culpa se tenho um quadro de pré-eclâmpsia, como muitas outras mulheres tem complicações que as impedem de ter filhos com parto normal. Toda mulher deve ter direito ao parto natural, mas também deve ter o direito de escolher tomar anestesia sem se sentir pressionada ou angustiada por isso. Tenho a impressão que o sistema sempre se apropria das reivindicações de forma distorcida, como o alojamento conjunto que virou uma excelente desculpa para não se contratar mais enfermeiras para o berçário. Impor o parto sem anestésicos ou qualquer outro apoio, me parece uma boa alternativa para diminuir os custos. Ouvi uma história de que na rede pública dos municípios pobres, a anestesia no parto normal não é uma opção. Um enfermeiro disse a seguinte frase: "se elas já tem um filho atrás do outro sentindo dor, imagine se tomarem anestesia!" Ou seja, nada mais machista voltar ao pecado original no qual as "Evas" estão condenadas a parir com dor!

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