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Mulheres Negras Formadoras de Opinião (nos EUA)

A vencedora de melhor atriz coadjuvante no Golden Globe foi a apresentadora de talk show, atriz e comediante, Mo'Nique. O filme que rendeu o prêmio foi Preciosa, uma história deprimente sobre uma adolescente negra maltratada pelos pais. O filme é produzido pela Oprah, um fenômeno da mídia americana. O sucesso de Mo'Nique (e do filme Preciosa) me fez pensar no papel das mulheres negras na mídia americana. Tanto a Oprah quanto a Mo'Nique (mantendo as devidas proporções) são mulheres negras, líderes de audiência com seus programas e formadoras de opinião. Elas orquestram com uma força esmagadora o pensamento e o comportamento de milhares de mulheres americanas. O surpreendente? A maior parte das mulheres que assistem aos programas são brancas! É só olhar o público que participa efusivamente do programa da Oprah. A maior parte das mulheres que estão na platéia ou sentadas no sofá, são brancas. É importante ressaltar que os programas tratam de coisas simples do cotidiano das mulheres: casamento, divórcio, filhos, dívidas etc. As duas tem uma origem humilde, batalharam e conseguiram um sucesso estrondoso. No Brasil, o quadro é inverso. As nossas apresentadoras são loiras, brancas e pertencem ao quadro da classe média ou da elite brasileira. Ana Maria Braga foi casada com um milionário tempos atrás e Hebe Camargo já faz parte das gracinhas do Maluf faz tempo. Elas estão o tempo todo preocupadas em dar lição de moral para o seu público e poderiam ser representantes de qualquer movimento W.A.S.P (movimento conservador dos brancos americanos protestantes) sem medo se ser feliz. Este quadro indica duas coisas: a sociedade americana e mais complexa e flexível do que eu pensava e a classe média brasileira é tão conservadora e elitista que beira o ridículo.

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A Duquesa: qualquer semelhança não é mera coincidência

Quando um relacionamento dá errado, seja um casamento ou um namorico, é comum fazermos uma reflexão sobre as razões do fracasso. Nesse momento, a palavra "se", também conhecida como sinônimo de inutilidade, bate recordes de uso. Se tivesse feito assim ou assado, se tivesse percebido, enfim, nos atormentamos durante horas com a maldita palavra de duas letras. É sempre interessante trocar experiências com outras mulheres, avaliar melhor os equívocos e ter a certeza que não somos as únicas mulheres na face da Terra que nos enganamos. Quando eu assisti o filme A Duquesa fiquei incomodada com a história daquela mulher tão rica e glamurosa, invejada por todos. É um filme triste, que traz uma violência sutil e opressora que parece pertencer à outra época. Quando o filme terminou eu fiz uma pesquisa na Internet sobre a vida de Georgiana, a Duquesa de Devonshire e descobri que entre as suas descendentes mais ilustres estão a Princesa Diana e Sarah Ferguson, Duquesa de York. Fiquei surpresa, não pelo parentesco, mas porque as duas mulheres descendentes de Georgiana tiveram um destino igual ou pior. Com exemplos dentro da própria família, porque nenhuma das duas teve o bom senso de pensar que poderia acontecer a mesma coisa com elas? A semelhança é impressionante, Georgiana teve que entregar a sua filha gerada fora do casamento por imposição do marido (embora tenha cuidado da filha ilegítima dele como se fosse sua). Uma das acusações feitas oficialmente pelo pai do Dodi Al Fayed (não é somente uma fofoca ou maluquice) afirma que a Diana estava grávida e por isso foi assassinada pelo serviço secreto inglês. Pelo visto, ela não teve a alternativa de se esconder no interior para dar à luz escondida dos olhos do mundo. Fergie escapou de um destino trágico, mas vive agora enclausurada e seguindo orientações expressas da família real depois de ter esbanjado fortunas e falido (a Duquesa Georgiana também morreu afundada em dívidas de jogo apesar da fortuna da família). Na minha família, os exemplos negativos e positivos são repetidos à exaustão para que nenhum de nós possa alegar mais tarde que não sabia que ia dar errado. Vai desistir de estudar? Olha o tio João que acabou como jardineiro da prefeitura de São Fidélis. Quer beber? Não esqueça do primo Pedro, beberrão que morreu com o fígado estourado. Será que ninguém contava as tragédias familiares para as duas? O que me impressiona é que em pleno século XX, a situação das mulheres da aristocracia inglesa são tão limitadas quanto a vida de Georgiana no século XVIII! Não são mulheres poderosas, são propriedades de homens poderosos e isso faz muita diferença...

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Por que o casal Brangelina incomoda tanto?

Não fique entediado, este post não é sobre fofocas de celebridades, o buraco é bem mais embaixo. A notícia vinha de um jornal sério: Brad Pitt está considerando filmar com a ex Jennifer Aniston, as negociações já estão adiantadas, embora a atual esposa não veja o trabalho com bons olhos. Achei interessante porque a notícia não estava em um tablóide de fofocas, mas sim na primeira página de um jornal que, supostamente, tem coisas mais importantes para se preocupar. Ao ler a matéria, acabei lembrando de várias outras notícias na mesma linha: Brad Pitt se encontrou com a ex em Nova York para reclamar do seu casamento, Angelina expulsou Brad Pitt de casa, Brad Pitt diz que Angelina não ama sua filha biológica como os outros filhos, etc e tal. Teve uma que eu vi, ninguém me contou, George Clooney afirmando não entender porque Brad Pitt largou uma mulher maravilhosa para ir cuidar dos órfãos de Jolie. Fiquei me perguntando, por que a mídia não gosta do relacionamento dos dois? Por que existe uma torcida declarada para que dê errado? Talvez a resposta esteja no fato do casal adotar crianças de países pobres, ter optado por ter a primeira filha biológica na África, ser o casal que mais faz doações para a caridade nos EUA e não incentivar o consumo desenfreado dos filhos. Isso é notório, enquanto Suri Cruise desfila com roupas de grife e a mãe gasta 40 0000 dólares para enfeitá-la, a filha do casal Brangelina aparece vestida como criança. Pelo visto, isso é crime inafiançável no mundo das celebridades. Dentro da lógica de consumo capitalista (e os valores que são repetidos até a exaustão pela mídia), ter uma família multiracial, estar preocupado com os miseráveis no mundo e jogar dinheiro fora com caridade, não é muito recomendável... Um bom capitalista só dá dinheiro para a caridade quando se sente ameaçado pelos miseráveis. Aqui na minha cidade tem um shopping ao lado de uma favela e o dono do shopping pratica o assistencialismo com os pobres para evitar que eles incomodem a sua clientela. Não existe a possibilidade de ser rico e famoso sem ser consumista, arrogante e egocêntrico. O fato do casal não viver dentro de uma bolha como fazem outras celebridades, incomoda sim, e muito. É como um desafio ao status quo, o sistema permite que a celebridade se envolva com drogas, sexo, decadências em geral porque isso dá ibope, mas ser socialmente responsável, nem pensar! É uma praga pior do que o comunismo. Pior ainda é o passado de Angelina, drogas, casamento conturbado, briga com o pai, lesbianismo. Imagina só, trocar a perfeita Aniston por uma destruidora de lares! Se não der errado, as engrenagens da mídia e da sociedade estarão em risco. Só tem um detalhe: mesmo que o casamento dos dois acabe amanhã, o tempo que passaram juntos e as suas ações já melhoraram um pouco o mundo...Sorry, bitch!

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