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O tempo não cura, apenas ameniza...

A sabedoria popular diz que o tempo cura tudo, mas é apenas uma tentativa de nos confortar em momentos de profundo desespero. Perdi o meu baba há quase seis anos, mas ainda passo por momentos de profunda tristeza que podem ser desencadeados por inúmeras razões: um carro igual ao dele, uma pessoa parecida, um filme lançado que ele gostaria de ver etc. No prédio em que eu morava, as pessoas viviam se confundindo com a numeração dos andares. Era muito comum um estranho abrir a porta e ir entrando até se dar conta que estava no apartamento errado. Uns seis meses depois da morte do meu pai, eu estava na cozinha quando a porta se abriu e vi de relance o vulto de um homem com as mesmas características físicas dele. Até a camisa polo era igual! Fiquei estática sem saber o que pensar, até que o homem percebeu o engano e se virou para pedir desculpas. Depois que ele saiu fiquei sentada no banquinho da cozinha chorando copiosamente. Não que eu pensasse que ele iria voltar, é claro, mas sabe aqueles segundos de esperança? Eu já me via dizendo: - Nossa todo mundo pensou que você tinha morrido, imagina quando eles souberem que você está aqui! Não existe lógica, o fantástico costuma operar a pleno vapor quando nos conscientizamos que nunca mais veremos aquela pessoa outra vez. A mente humana não lida muito bem com conceitos como sempre, nunca, infinito etc. O fato é que o desespero da perda com o tempo é o mesmo, a saudade não diminui, só aumenta, e seguimos em frente porque precisamos, não porque queremos. Seria mais honesto dizer que os momentos de desesperos serão menos frequentes e mais suaves, mas enquanto houver memória e amor, eles não desaparecerão!

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