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2010: O ano em que faremos contato (espero!)

Obviamente o título do post se refere ao filme do Kubrick, baseado na obra de Artur Clark. Não sei se faremos contato com extraterrestres em 2010, mas seria muito bom conseguir fazer contato com outros seres humanos mesmo. Contato como sinônimo de diálogo, tolerância, paciência e respeito ao outro. Tenho sentido muita falta de contato pelo mundo afora, seja no mundo real ou no mundo virtual. As pessoas hoje estão muito preocupadas em ter razão, fazendo com que a realidade se transforme na sua própria verdade. A verdade é o que eu quero, não existem outros pontos de vista e possibilidades. Quando eu tinha sete anos de idade tive uma alucinação, vi um avião caindo no quintal da minha tia e quase surtei. Na época ninguém pensou em me levar ao médico, mas eu cresci com a certeza de que as coisas poderiam não ser como eu pensava. Assim, todas as vezes em que eu me vejo diante de um fato decisivo, eu pergunto aos amigos se a minha percepção é real. Parece uma bobagem, mas essa preocupação me tornou mais humilde e mais atenta ao olhar do outro (além do fato de eu morrer de medo de estar ficando maluca, é claro!). Hoje eu não uso mais a expressão "eu tenho certeza que" ou então "você fez isso comigo". Opto por usar "eu penso que" ou "você me faz sentir". Sem uma atitude determinista diante dos fatos, a minha vida ficou bem mais fácil. É por isso que espero que 2010 possa ser muito melhor para todos nós e que cada encontre o seu caminho, tornando a sua vida melhor e a dos outros também. E como comecei o texto falando de cinema, vou colocar aqui um vídeo que encontrei no blog Groselha News, com um texto maravilhoso repleto de esperança da Srta Bia. Feliz ano novo!


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Blogueiros, a China é aqui?

Enquanto advogados decidem que um bom filão para ganhar dinheiro é perseguir blogueiros e suas opiniões na web, nos EUA é possível criar um paródia ridicularizando uma importante companhia aérea que não cuidou da bagagem de seu passageiro como deveria. Há alguns meses atrás fiquei muito aborrecida quando uma colega de trabalho, professora como eu, pediu que eu fizesse uma correção no meu blog sobre um evento que nós duas tínhamos participado. Parecia que meu blog era um site institucional ao qual ela estava fornecendo as informações para publicação. Tentei explicar o que era um blog, que eu tinha registrado uma opinião sobre o evento e não um informe etc e tal, mas é claro que a nossa relação acabou ficando estremecida. É interessante que já vi pessoas reclamando que quando são entrevistadas para os jornais, suas palavras são deturpadas ou cortadas e quase sempre o resultado final é bem diferente do que o entrevistado pretendia, mas apesar das reclamações, nunca vi alguém desistir de dar entrevistas por conta disso. As desculpas da imprensa oficial são variadas, falta de espaço, modificação na pauta, pressão dos editores ou patrocinadores, enfim, todo argumento é válido porque estamos falando de grandes grupos de comunicação. Não é possível ignorar a coincidência entre a repressão aos blogs e a campanha presidencial em curso, e se algo não for feito rapidamente, todos os blogueiros não poderão emitir uma só opinião, seja sobre o que for, política, comida, sexo, roupas, programas de televisão... Pelo visto, a China é aqui...


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Serra e The Terminator


Quando Arnoldão foi candidato ao governo da Califórnia, os adversários usavam a expressão "The Terminator" para dizer que o eventual "Governator" republicano tinha tudo para acabar com a gestão pública do Estado. Obviamente não deu certo, Arnoldão se elegeu e recentemente trocou uma dúzia de palavras com o Serra (vulgo Zezinho ou Zé Alagão). O encontro constrangedor foi editado e transformado em uma piada nacional. Bem feito! Quem disse para o Serra que ele teria popularidade ao se encontrar com Arnaldão?

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"Snark"- Porcos e Diamantes?

Uma baixaria sem tamanho na blogosfera me fez relacionar o título do livro com o "Snatch - Porcos e Diamantes". Para esclarecer quem não está sabendo do assunto, vou falar sobre o livro e poupar vocês do resto: "poucos livros causaram mais polêmica nos EUA nos últimos meses do que “Snark”, escrito pelo crítico de cinema da “New Yorker” David Denby. Ele defende a tese de que a linguagem virulenta, leviana e melíflua na grande mídia americana — um conceito que vai dos grandes prorgamas de rádio e TV a blogs como Gawker.com — está destruindo a capacidade de conversação dos americanos, interessados mais em esmagar reputações e posturas do que exatamente trocar ideias e vencer o debate ideológico. Mas o livro bate mesmo é na internet, para Denby o ambiente ideal para os adeptos do “snark”. Ele acusa blogueiros de praticar a leviandade verbal porque não possuem nem os recursos nem a disposição de apurar jornalisticamente os fatos. E acusa os jornalistas de fazerem o mesmo numa espécie de resposta aos blogs, perpetuando um discurso raivoso e vil". (Fonte Prosa Online). Foi exatamente isso que me chamou atenção na briga dos blogueiros, o discurso pesado e virulento de um deles, embora acuse o desafeto de ser "descontrolada, desequilibrada e instável", conseguiu alcançar a incrível marca de 27 ofensas em apenas um post. O pior mesmo é o teor dos comentários que reforçam e multiplicam a agressividade da autor, complementando com frases do tipo "ela precisa mesmo é de uma rola". Sim, porque as mulheres são sempre descontroladas, loucas, passionais, bem diferente de um homem, como o próprio autor afirma, um grosso assumido com muito orgulho. Em tempos politicamente corretos, um homem descontrolado também poderia precisar de uma rola, mas ninguém nunca diz isso. E os comentários de apoio não são só masculinos, várias mulheres dão apoio ao autor,admirando o teor ácido das palavras e o fato dele ser um "cara grosso, mas ético"(???).Não estou nem discutindo quem tem ou não razão, não é o mérito da discussão que me interessa, mas sim como os desdobramentos do debate são tratados. Você pode estar irritado com alguma coisa, mas é realmente necessário expressar a irritação com tanta agressividade? Como autores, podemos realmente controlar os efeitos de nossas palavras sobre os outros? Não acredito que o discurso raivoso e cruel seja eficiente na trasmissão da mensagem, seja ela qual for. Ele apenas incita a agressividade nos outros, formando uma onda de emoções pouco recomendáveis. E para que? Para provar que eu tenho razão em alguma coisa, mesmo que já tenha perdido na forma do argumento? Acredito que o Denby tenha trazido uma discussão importante que precisa ser encarada na blogosfera. Em tempos de defesa dos blogueiros perseguidos pelas corporações e políticos, precisamos também avaliar os nossos limites e os efeitos das palavras colocadas na rede. Estamos falando de porcos e diamantes e diante da disputa, vocês decidem quem é quem.

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