Alguns fenômenos são de difícil explicação e quando a turba parece tomada por uma histeria coletiva, é difícil remar contra a maré. Além do mais, sempre corremos o risco de revelar nossa burrice ou amadorismo em relação ao assunto. Li várias informações sobre o circuito do mais ilustre representante da bossa nova, que variavam desde gente que não conseguiu comprar ingresso (apesar de dormir na fila) até os vips milagrosamente obedientes na fila de entrada. Lendo isso tudo, fiquei me perguntando com meus botões (zípers e velcros), o que leva uma pessoa quase normal a aturar as seguintes situações: as duas horas de atraso porque o gênio foi jantar primeiro; um calor made in africa porque o artista tem horror a ar-condicionado e ficar feliz da vida porque o artista estava de "excelente humor", ou seja, não enxotou a platéia como sempre? Mesmo achando a bossa nova uma chatice sem fim, fiquei na minha, porque gosto não se discute. Para minha surpresa, descobri (graças ao piti do Caetano Veloso em seu blog???), que a crítica Sylvia Colombo falou mal da bossa nova no jornal. Apesar de ter sido chamada de "provinciana" (???) por Sir Veloso, eu achei muiiiito interessante (e corajosa) o comentário publicado na Folha de São Paulo, que transcrevo aqui: "Duas coisas marcaram o aniversário de 50 anos da bossa nova. A que preponderou até aqui foi, certamente, esse frenesi coletivo pelo bochicho nos eventos de comemoração.A outra ecoou na pequena série de espetáculos arrogantes e modorrentos, que começaram com as apresentações de João Gilberto, no último dia 14, e terminariam ontem, com o último dos concertos que reuniram os míticos Roberto Carlos e Caetano Veloso, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.Eventos elitistas, onde cantar baixinho sobre o amor, a saudade, o Corcovado e as belezas da orla carioca legitimavam o privilégio e a sofisticação de uma casta." Não parece um pouco com a história do rei que estava nu e todo mundo achava o máximo até um garotinho falar a verdade?
Há 5 horas
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