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A Hebe e Eu

Há alguns anos atrás, quando ainda não havia apagão aéreo, eu estava no aeroporto Santos Dumont aguardando um vôo para Belo Horizonte que já tinha sido remarcado três vezes. Naquela pasmaceira e irritação de quem está viajando a trabalho, eu aproveitava para passar o tempo observando os outros. Homens engravatados e mal vestidos (como alguém consegue a incrível façanha de estar mal vestido usando terno, meu Deus??), famílias animadas com a viagem Von Trapp, casais entediados, amantes animados, entre outros espécimes da fauna humana. Eis que, "derepentemente" surge uma figura esvoaçante, vestida com um conjunto de calça (arrochada) e blusa (decotada) branco e dourado, sapatos de salto alto. Um corpo que deixaria meninas de dezesseis anos em crise de anorexia. Para minha surpresa era a Hebe, ao vivo e a cores, com sua cara de gracinha, cabelo coberto de laquê e jóias que faziam a sala de espera do aeroporto faiscar. Sim, meus senhores, ela deixou todos boaquiabertos pelas mais diversas razões: corpo enxuto, cara de maracujá de gaveta, roupa brega, cabelo mais ainda, jóias que pareciam ter saído do Big Ben Londrino... Depois que o furacão louro passou (e embarcou, é lógico) a maioria dos passageiros ficou silenciosa, provavelmente refletindo sobre a incrível cena de ostentação que havíamos acabado de presenciar. Ao ler os jornais nos últimos dias descubro que as jóias da criatura foram roubadas. E o mais espantoso: eram jóias emprestadas! É como eu sempre digo, quando eu penso que já vi de tudo...

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